Influencers de moda inclusiva inspiram mulheres com deficiência
Se o mercado da moda finalmente parece que está acordando para o público plus size, a moda inclusiva ainda engatinha no Brasil. O plus size, ainda que de forma lenta, já tem ganhado espaço no mundo fashion com grandes eventos, lojas de departamento e presença em shoppings.
Mas você já viu alguma marca que produz moda para pessoas com deficiência em algum desses espaços? O que é um absurdo em um país no qual 24% da população possui algum tipo de deficiência, – visual, auditiva, motora, mental ou intelectual -, segundo o último censo do IBGE.
Moda inclusiva é o termo para a moda dedicada a pessoas com algum tipo de deficiência. Seu principal objetivo é dar autonomia e simplificar o ato de vestir levando em conta as especificidades de cada indivíduo buscando não só o conforto e a praticidade, mas também o estilo e o design.
Assim como as mulheres gordas começaram a lutar aqui no Brasil para que as marcas de tamanhos grandes fossem além da legging preta e do camisetão, as pessoas com deficiência também querem acompanhar as tendências da moda. Ou seja, nada daquelas roupas de velcro práticas porém feias e antiquadas.
O mercado plus size no Brasil começou a ser empurrado para a frente há cerca de 10 anos com a luta de blogueiras e de ativistas. E na moda inclusiva não é diferente.
No Instagram, fashionistas com deficiências cobram as marcas, dão dicas de como compor looks, de onde encontrar marcas e trocam experiências sobre acessibilidade em lojas físicas e virtuais. Enfrentando dificuldades para encontrar roupas adaptadas e que ao mesmo tempo transmitam sua personalidade, elas inspiram e empoderam outras mulheres com as mesmas necessidades que as suas.
Leia mais: Mulheres não são "plus size" e, sim, gordas, mais glossário da moda GG
Conheça algumas delas:
@thesineadburke – A irlandesa Sinéad Burke é escritora, doutoranda, radialista e editora da British Vogue. Com seu 1,05 de altura, Sinéad se tornou uma das mais importantes porta-vozes da inclusão e está revolucionando o mundo do design e da moda com seu discurso contundente. "A estética é importante. Se você olhar para os produtos direcionados ao público com deficiência, vai ver que são horríveis", costuma dizer a ativista. Não deixe de ver seu TED Talk: "Por que o design deveria incluir todos".
@mamacaxx – Aos 14 anos, a novaiorquina Mama Cáx foi diagnosticada com câncer nos ossos e nos pulmões. Com os medicamentos conseguiu se curar mas o tratamento deixou sequelas: teve uma das pernas amputadas. Hoje caminha com ajuda de uma prótese e muletas mas isso não a impediu de se tornar uma blogueira de moda e lifestyle que já viajou meio mundo. Em Instagram com mais de 160 mil seguidores conta as experiências de ser uma mulher negra com deficiência em looks mais do que estilosos. E acaba de ser eleita pela plataforma Create & Cultivate uma das 100 mulheres que "estão constantemente reinventando o que significa influenciar os outros." Poderosa!
@being__her – As irmãs gêmeas eritreia-etíopes Hermon e Heroda Berhane tinham 7 anos quando misteriosamente ficaram surdas ao mesmo tempo. Agora aos 35 anos, comandam um blog e Instagram incríveis onde compartilham suas referências de moda e dicas de viagens. Tudo muito alegre e estampado, nem sempre se vestem de forma totalmente igual, como várias pessoas gêmeas. Dá pra perder horas na beleza delas! No caso de pessoas surdas as roupas não precisam de adaptações mas a comunicação nas lojas físicas deve ter um cuidado. Lembrando que a Libras é a segunda língua do Brasil.
@modaemrodas – A jornalista Heloísa Rocha nasceu com osteogênese imperfeita, os chamados "ossos de vidro". Apaixonada por moda, ela criou o instablog para trocar informação de moda com outras mulheres com deficiência. Hoje em dia é palestrante e tem leitores do mundo inteiro que adoram seus looks do dia coloridos e chiquérrimos.
@micsimoes – A estilista e consultora de imagem Michele Simões se tornou cadeirante depois de adulta, após sofrer um acidente. E aí sentiu na pele o que foi deixar de ter um corpo padrão para se tornar a exceção. Para lutar por uma moda mais democrática criou o projeto @meucorpoereal, por onde promove workshops, palestras e editoriais de moda incluindo corpos diversos.
@adrianabuzelin – Publicitária, artista plástica e mergulhadora, por causa de seu amor pela moda, Adriana Buzelin também acabou virando modelo. Entrou para o ativismo depois que ficou tetraplégica após um acidente automotivo. Em 2018 foi vice-candidata a governadora pelo PV por seu estado, Minas Gerais. Como se já não fossem muitas suas atividades, para 2019 prepara o lançamento da revista digital @tendencia.inclusiva. Olha só a elegância de seu vestido de noiva!
@gataderodas – Os focos de Ivone Oliveira, a Gata de Rodas, são a acessibilidade e os direitos das pessoas LGBT+ com deficiência. Mas não é por isso que a gente vai deixar de babar pelos looks dela, cheios de botas poderosérrimas! Tá, meu bem?
@isa.meirelles – Isa Meirelles é uma comunicóloga que atua como consultora e militante da comunicação acessível para todos. A moda é apenas uma de suas formas de expressão na luta pelo fim da invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade.
Assim como é errado tratar a mulher gorda como um tipo só de pessoa e como se o "plus size" fosse um estilo único, para a moda inclusiva se tornar o que pretende na prática ela deve contemplar as necessidades de cada grupo com suas particularidades.
As pessoas com deficiências estão bem longe de ser um grupo homogêneo. Embora o momento ainda seja de afirmação, busca de referências e inspirações em uma sociedade que despreza pessoas fora dos padrões, que em um futuro próximo todas as pessoas tenham autonomia e opções de escolha nas suas experiências com a moda.
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