flaviadurante http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br Só mais um site uol blogosfera Wed, 03 Apr 2019 08:00:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Agora tem um guia: veja como se defender juridicamente contra a gordofobia http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/04/03/ativista-cria-guia-de-como-se-defender-juridicamente-contra-a-gordofobia/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/04/03/ativista-cria-guia-de-como-se-defender-juridicamente-contra-a-gordofobia/#respond Wed, 03 Apr 2019 08:00:14 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=802 Falar de body positivity e de empoderamento gordo hoje em dia rende visibilidade, page views e contratos. Aprender a valorizar a autoestima é ótimo, mas é preciso lembrar de que beleza não é tudo. No dia a dia as pessoas gordas ainda sofrem exclusão e preconceito de todas as formas.

Mas como agir de uma forma prática quando o gordo se sente inferiorizado o tempo todo, achando que o erro está nele, e acaba deixando para lá quando é abusado, humilhado ou sofre assédio moral?

Foi pensando em auxiliar esse público que a ativista capixaba Rayane Souza, formada em Direito e pós-graduanda em Direito Eletrônico, criou um “Guia Express Direitos da Pessoa Gorda” para orientar em casos de gordofobia.

Leia mais: Gordofobia também é parte da violência obstétrica

O guia traz, de maneira objetiva, mecanismos de defesa e um direcionamento jurídico em relação a diversas situações cotidianas decorrentes da gordofobia. Todas as informações foram retiradas de entendimentos jurisprudenciais consolidados e de legislação vigente. Mas Rayane deixa claro que todo caso deve ser analisado concretamente com um advogado ou profissional competente.

A ativista decidiu criar o Guia por dois motivos. O primeiro foi por ouvir de muitas seguidoras em suas redes sociais relatos e desabafos em sobre situaçōes de discriminação. “Em um primeiro momento eu estava ali apenas para ouvi-las e dar uma mensagem motivacional, mas depois percebi que podia usar minha formação acadêmica e meu conhecimento jurídico pra também informá-las”, conta Rayane.

O segundo motivo foi perceber que o termo “gordofobia” ainda não está sendo levado a discussões relevantes como uma nomenclatura real e um problema social de fato. “É de grande importância trazer o entendimento de que o termo ‘gordofobia’ precisa ganhar relevância na esfera jurídica e ser discutido de maneira adequada e precisa,” afirma a ativista.

A ativista e digital influencer Rayane Souza

Seguem aqui os tópicos do “Guia Express Direitos da Pessoa Gorda”:

Seu chefe ou colega de trabalho te assediou moralmente por causa de seu peso?

GORDOFOBIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

Discriminação no ambiente de trabalho, piadas, indiretas, comentários maldosos, constrangimento e assédio moral – o que fazer? O que fazer quando a discriminação é feita por colegas de trabalho ou até mesmo pelo chefe ou superior hierárquico?

ACONSELHAMENTO
Em um primeiro momento, o diálogo é sempre a melhor opção: expor desagrado é uma forma de evitar o ato.
Detalhar a situação ao RH da empresa também é aconselhado, e principalmente datar todas as comunicações realizadas para meio de provas.

MEIOS DE PROVAS
As provas podem ser obtidas por meio de gravações, e-mails, compilação de documentos de reclamaçōes feitas no RH durante o período, e provas testemunhais.

COMO DENUNCIAR?
A denúncia pode ser anônima ou não, ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério do Trabalho. Um outro conselho é recorrer ao sindicato para obter proteção e representação em caso de futuro processo judicial.

Leia mais: Afiliada da Globo tem histórico de demissão de repórteres acima do peso

O médico te humilhou na consulta por conta de seu peso?

GORDOFOBIA NO CONSULTÓRIO MÉDICO

Todo comentário invasivo e constrangedor relacionado ao peso, aconselhamentos que fogem da especialidade no momento podem ser caracterizados como gordofobia médica.

MEIOS DE PROVAS
Gravaçōes do momento da discriminação entre paciente e médico podem ser realizadas. As gravações não podem ser feitas por terceiros acompanhantes, apenas pelos sujeitos participantes do ato. A gravação também não pode ser compartilhada publicamente, em redes sociais, ou via Whatsapp, a identidade do médico assim como ato devem ser preservados por conta do direito de imagem. Provas testemunhas também são admitidas.

COMO DENUNCIAR?
As denúncias podem ser realizadas no Conselho Regional de Medicina de cada Estado (CRM), onde será aberta uma sindicância para averiguação do fato, com direito à ampla defesa para ambas as partes. Confirmado o ato, um processo ético profissional será iniciado onde o julgamento final será feito pelo Conselho Federal de Medicina. A decisão proferida pelo CFM  pode gerar processo cível, sendo cabível pedido de compensação por danos morais por parte do ofendido.

Obs: vale lembrar que pedir para emagrecer não se trata de gordofobia médica mas sim quando o profissional de saúde te compara a algum animal, negligencia atendimento ou faz algum comentário muito agressivo ou invasivo por conta de seu tamanho

Leia mais: Saúde não tem tamanho: quando a gordofobia vem do médico

Te xingaram ou tiraram sarro na internet por conta do seu corpo?

GORDOFOBIA NA INTERNET (CYBERBULLYING)

A discriminação direta e ofensiva, assim como o uso indevido de imagem para propagação de conteúdos comparativos em páginas de saúde e de humor ou discurso de ódio, podem configurar gordofobia.

MEIOS DE PROVAS
Prints dos comentários ou da conversação são fundamentais, de preferência com o cabeçalho da página printado, assim como e-mails, mensagens e imagens compartilhadas em grupos de Whatsapp, que também são recebidas como provas. Esse tipo de prova influi na investigação policial, mas não são válidos em juízo, devido o fato de vários conteúdos serem retirados da internet muito antes da denúncia.

O conselho é se dirigir ao cartório mais próximo e solicitar uma ata notorial de fé pública relativa ao conteúdo das provas, pra que fique certificada a existência do crime.

COMO DENUNCIAR?
Com provas em mãos, a denúncia pode ser feita na Delegacia da Polícia Civil ou na Delegacia especializada em Crimes Cibernéticos. Finalizada investigação e analisado o caso concreto, possibilita-se o processo judicial ou criminal perante o Juizado Cível ou Juizado Criminal para início do processo. Pedido de compensação por dano moral também é cabível em casos de crimes cibernéticos.

Leia mais: Gordofobia existe até em ônibus: “Sinto frio na barriga ao ver a catraca”

Rayane vai continuar os guias de orientação em seu Instagram. Os próximos temas a serem abordados por ela serão: transporte público, assentos em espaços de lazer e aptidão para concursos públicos. Siga @rayanesouzaplus e veja os Destaques em seus Stories para acompanhar os próximos capítulos do Guia.

Olhar para  o espelho e se sentir confortável com o que vê é a melhor coisa do mundo. Entrar em uma loja e encontrar roupas adequadas é uma delícia. Sair com blusinha curta na rua e dar close nas redes sociais também. Mas a sociedade ainda é cruel com pessoas gordas. Infelizmente algumas pessoas só aprendem quando doi no bolso então temos que nos espelhar nos exemplos das comunidades negra, LGBT e de pessoas com deficiência para nos organizarmos com eles e exigirmos nossos direitos e respeito. É somente isso que queremos.

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Não ligo de ficar velha, mas tenho medo de me tornar irrelevante http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/nao-ligo-de-ficar-velha-mas-tenho-medo-de-me-tornar-irrelevante/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/03/08/nao-ligo-de-ficar-velha-mas-tenho-medo-de-me-tornar-irrelevante/#respond Fri, 08 Mar 2019 03:01:26 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=787

Madonna. Créditos: Getty Images

Sempre lidei bem com a passagem do tempo. Acabei de completar 42 anos e estou curtindo cada minuto de minha idade. Não me incomodo com rugas. Nunca me achei errada e nem deixei de fazer nada por ter ganhado peso ao longo dos anos. Tá, cabelos brancos eu acho um pé no saco, sempre gostei muito dos meus cabelos escuros. Mas morro de preguiça de pintar todo os meses e às vezes deixo meio palmo de raiz à mostra.

Meu maior medo não é de morrer ou de ficar velha, essas coisas fazem parte da vida. Meu medo é me tornar uma pessoa ultrapassada ou irrelevante. Isso eu confesso que tem sido o mais difícil de lidar.

Como uma mulher que sempre gostou de estar à frente das novidades da música, da tecnologia e da comunicação, o que me inquieta é a sensação de não conseguir mais acompanhar tudo como antes e de estar perdendo o bonde da história.

Leia mais: Madonna faz 60 anos prestando um serviço a todas nós: envelhecer em público

Os convites para os eventos mais bacanas começam a rarear, você deixa de ser a referência dos amigos para saber qual é a banda nova mais legal pra se ouvir, aquele app novo que parece mais difícil de entender, você começa a sentir a presença do etarismo em diversas situações.

A frase que você mais fala e ouve dos amigos de sua geração é: “quem é fulano que tem 10 milhões de seguidores e que eu nunca tinha ouvido falar?”

Cena da série “30Rock”

Tenho uma sobrinha de 9 anos que é o meu termômetro de novidades. Comecei a acompanhar alguns youtubers para ter assunto com ela mas logo vi que não eram para mim. Por que eles gritam tanto? Instalei o tal do Tik Tok, uma espécie de Instagram musical, e quase caiu uma lágrima furtiva por não ter entendido lhufas daquilo enquanto ela lida com a maior habilidade e faz milhares de efeitos.

As gírias até que não são difíceis de acompanhar. “Que hino”, “cristal sem defeitos”, “fada sensata”, “gado D+”, “tour”, “hoje eu tô um nojo de linda”… Eu me divirto com e costumo misturar essas novidades com as gírias vintage “antenado”, “cabuloso” ou “paquerinha”, o antecessor do “crush”.

Leia mais: Quando as pessoas vão entender que chamar de velho não é xingamento? 

Senti também uma volta aos 17 anos no meu estilo de vestir, uma espécie de “crise da meia idade fashion”, usando muito jeans rasgados, tênis e camisetas de banda. Como fiquei num vácuo de uns 20 anos sem ter roupas do jeito que sempre gostei por causa do meu peso, agora que a moda evoluiu um pouco nesse âmbito, voltei a me vestir de acordo com a minha personalidade.

Os cool hunters adoram criar termos para essas gerações. Eu seria uma típica “perennial”, mulheres que já passaram dos 40 mas que têm hábitos típicos dos 20, não têm empregos convencionais, que adoram acompanhar tendências e que não têm medo de mudanças.

Mas nem curto me encaixar nesses rótulos. Tento unir o melhor dos dois mundos.

No ano passado finalmente realizei minha tão esperada “viagem dos sonhos” para conhecer a Inglaterra e a Escócia. Fui tietar a banda da minha vida, o Teenage Fanclub, em uma turnê especial sua cidade de origem, Glasgow. Conheci todos os lugares por onde David Bowie, os Kinks e Amy Winehouse transitavam em Londres. Fiz tudo o que tinha direito e vontade. O que provavelmente eu não conseguiria aos 20 anos por pura falta de grana.

Embora tenha optado por não ter filhos, ainda me permito sonhar com a casa própria e, ao lado do meu marido, batalho pela tão difícil estabilidade. Pelo visto vou morrer aos 90 anos trabalhando, como todo brasileiro… Brinco com os meus tios de 67 anos que eles são a última geração de aposentados que puderam curtir sua velhice numa boa.

Por outro lado, há aquele medo de me tornar uma personagem caricata, uma espécie de Phil Dunphy da série “Modern Family”, o paizão metido a descolado que faz os filhos morrerem de vergonha.

Como disse um amigo certa vez no Facebook, todo dia eu rezo pra Deus me livrar de dois destinos: ser o tiozão que só fala “no meu tempo” ou o velho obcecado com “essa meninada genial”.

E é buscando esse equilíbrio que vou levando a vida, tentando deixar de lado as paranoias de ficar ultrapassada e irrelevante. Valorizando as coisas boas do passado, sem parar no tempo, e sem perder o encantamento pelo que vem pela frente. Curtindo cada coisa no seu tempo. É isso que me motiva a viver um dia de cada vez. Tenho ainda muitos sonhos a realizar, muitas viagens para fazer e muitos discos para ouvir. Agora com a companhia da minha sobrinha de 9 anos e da nova sobrinha que nasce em maio.

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Cinco filmes e séries para ajudar a elevar sua autoestima http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/03/04/cinco-filmes-e-series-para-ajudar-a-elevar-sua-autoestima/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/03/04/cinco-filmes-e-series-para-ajudar-a-elevar-sua-autoestima/#respond Mon, 04 Mar 2019 08:00:46 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=773

(Foto: Divulgação): Cena de “Dumplin’”, da Netflix

 

Se você não é fervida como nossas musas GG do Carnaval e quer mais é fugir dos blocos de rua, fiz aqui uma lista de cinco filmes e séries pra você curtir o feriadão junto com o combo sofá + pipoca + ventilador.

Pra não fugir do tema central desse blog, os filmes questionam a ditadura dos padrões de beleza, idade ou de perfeição. Mas sempre numa pegada leve e divertida. Afinal, mesmo longe da avenida ou dos bloquinhos, é hora de deixar as problematizações do dia a dia de lado e relaxar!

Leia mais: Na cultura pop, gordo vira chacota ou é mostrado como companhia assexuada

“Dumplin’” (2019)
A esperada versão da Netflix para o best seller “Dumplin’”, de Julie Murphy, pode não ser tão profunda quanto o livro. Mas é sempre legal ver uma atriz gorda fazendo a protagonista e não a virjona amiga da mocinha. “Dumplin’” (vulgo “Fofinha”) é a filha de uma eterna miss obcecada por concursos de beleza que não aceita muito bem a filha fora dos padrões. A mãe é interpretada por Jennifer Aniston. E a filha pela australiana Danielle Macdonald, que também estrelou o comentado “Birdbox” (2018) e o excelente “Patty Cake$”, filme independente de 2017.

“Grace & Frankie” (2015-2019)
Uma das melhores séries de comédia dos últimos tempos, “Grace & Frankie” trata de velhice de uma forma revolucionária. Com um elenco fenomenal, questões como sexualidade, relacionamentos, etarismo, projetos de vida e morte são abordadas com muita sensibilidade e sem os clichês de sempre. Ver um dos maiores símbolos sexuais da história do cinema, Jane Fonda, despindo-se de qualquer vaidade em relação à idade é uma das coisas mais incríveis desta série.

“Felicidade Por Um Fio” (2018)
Adaptação de livro do mesmo nome, de Trisha Thomas, o longa mostra a história de Violet Jones (Sanaa Lathan), a típica “mulher perfeita”: linda, poderosa, bem sucedida na vida profissional e no amor. Depois de uma separação dolorosa, Violet decide rever suas escolhas e estilo de vida. O filme mostra todo seu processo de redescoberta superando traumas que a fizeram se tornar uma mulher negra envergonhada de suas raízes. Um tema super pertinente e atual.

“A Maravilhosa Mrs. Maisel” (2017-2018)
Saindo um pouco da Netflix, agora indo para a Amazon Prime. A multipremiada série conta a trajetória de Midge Maisel (Rachel Brosnahan), uma dona de casa judia novaiorquina que depois de ser deixada pelo marido boy lixo, decide se dedicar ao sonho de ser uma comediante. Isso em pleno anos 50, quando às mulheres pouco era permitido. A criadora da série é Amy Sherman-Palladino, mente por trás de “Gilmore Girls”. O problema aqui é ficar viciadona, fazer maratona e sofrer até o final do ano pela estreia da próxima temporada.

Rachel Brosnahan como Midge Maisel em cena de “The Marvelous Mrs. Maisel” Imagem: Nicole Rivelli/Divulgação

Leia mais: “The Marvelous Mrs. Maisel”: onde e por que ver a série que dominou o Emmy

“Colegas” (2012)
Márcio, Stalone e Aninha tem Síndrome de Down, dão um perdido no instituto em que viviam para perseguirem seus desejos de voar, ver o mar e casar, respectivamente. O trio de amigos apaixonados por cinema trilha um percurso de aventuras contribuindo para que pessoas com Down sejam retratadas dentro de um contexto de autonomia. A síndrome não é o tema, e sim o laço entre os amigos e a jornada em busca de um sonho.

E no fim, é só isso o que todos queremos, – gordos, negros, idosos, pessoas com deficiência -, sermos protagonistas de comédias, romances, dramas e roteiros divertidos e interessantes, sem que isso necessariamente seja o foco central de uma trama. Nada além disso.

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Gordos vão botar o corpo na rua. Conheça alguns blocos plus size http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/02/18/gordos-vao-botar-o-corpo-na-rua-conheca-alguns-blocos-plus-size/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/02/18/gordos-vao-botar-o-corpo-na-rua-conheca-alguns-blocos-plus-size/#respond Mon, 18 Feb 2019 08:00:11 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=743 Carnaval é tempo de pegação, muito beijo na boca, corpos livres e nus. Mas não para todos. Em tempos de culto à virilha sarada na avenida, o corpo gordo, – seja o feminino ou o masculino-, dificilmente é lembrado como destaque entre os mais belos ou mais desejados nos quatro dias de folia. Mesmo em uma época em que as regras são subvertidas e em espaços que se dizem diversos, ainda é difícil a sociedade quebrar os padrões de rejeição a esses corpos. Corpos que, como quaisquer outros, só querem se dançar, beijar e se divertir.

Leia mais: Conheça musas GG que arrasam no Carnaval 

A alagoana Alice Jardim, fotógrafa e videomaker, sempre foi apaixonada pelo Carnaval. Frequentadora dos blocos de Olinda/PE, por lá várias vezes se sentia deslocada e ouvia comentários bem grosseiros sobre seu corpo. E quando algum rapaz dizia que gostaria de beijá-la, o lance nunca acontecia: ela havia desenvolvido um mecanismo de defesa para nunca acreditar que aquele pedido fosse verdadeiro. Achava sempre que era tiração de onda.

Foi o que aconteceu com a publicitária paulista Luciana M., em Salvador, onde passou o Carnaval por quatro anos. Após ser beijada por um rapaz, ouviu o cara dizendo para os amigos que tinha “tirado a uruca”, pois havia pegado uma gorda e agora poderia “pegar uma mulher bonita”.

Com o amadurecimento, Alice e Luciana passaram a não ficar mais abaladas com esse tipo de coisa, afinal o “problema” nunca esteve nelas. Hoje elas curtem o Carnaval bem mais à vontade em São Paulo, se vestem do jeito que querem e respondem na lata os comentários desagradáveis. Luciana já montou um look pra cada dia de folia este ano, cada um com um biquíni menor do que o outro. Para Alice, “a prioridade é me divertir e o resto é consequência”.

Alice Jardim. Foto: Arquivo pessoal

Nas escolas de samba, quando o império das saradonas começou a se sobressair nas avenidas, surgiram as alas de passistas plus size, numa espécie de contraponto. Hoje são raras as escolas que não tenham rainhas, madrinhas ou alas inteiramentes de passistas gordinhas.

Dóris Macedo é uma delas. A gaúcha é rainha de bateria da escola de samba Bambas da Orgia e Rainha do Carnaval do RS Plus Size. Em 2017, quando o diretor de Carnaval colocou seu vídeo do ensaio na página da escola no Facebook, ela sofreu cyberbullying.

A proporção de alcance do episódio foi tão grande que ela chegou a ir ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, na Rede Globo. “Foi bem chato, mas a escola super me apoiou e acabei fazendo do limão, uma limonada”, conta Dóris. “O assunto me deu uma enorme visibilidade e acabou impulsionando minha carreira e a causa do combate à gordofobia”. Hoje ela também se destaca como ativista e é coordenadora do Fórum de Combate à Gordofobia no Rio Grande do Sul, que aconteceu essa semana em Porto Alegre.

Doris Macedo. Foto: Camila Rocha

Até em ambientes que teoricamente prezam pela diversidade, pessoas gordas constantemente passam por constrangimento ou rejeição. Vindo de Assis, interior de São Paulo, o professor de canto e cantor Vittu Lima não esquece de sua primeira experiência no Carnaval de São Paulo, em um bloco LGBT+.

“Percebi que no meu grupo só havia eu de gordo e a cada 15 passos todos os garotos do meu grupo davam beijos e eu ali parado como um Dois de Paus”, conta Vittu. “Fiquei com calor, resolvi abrir minha camisa e percebi um grupo de meninos gays, todos malhados, rindo e apontando o celular para mim (claramente tirando fotos). O bloco foi seguindo, meus amigos magros ‘passando o rodo’ e eu com aquele sorriso amarelo”.

Vittu Lima. Foto: Mastangelox

Tantas situações desagradáveis em uma cidade completamente nova acabaram desencadeando uma crise de ansiedade em Vittu em pleno Carnaval. “Eu também tenho desejo, também quero beijar e tirar a camisa”, desabafa. Hoje, um ano depois, e já mais ambientado a São Paulo, ele pretende ir a blocos nos quais a diversidade seja de fato praticada e se cercar de amor e alegria.

Para levar mais diversidade de corpos para as ruas neste Carnaval, iniciativas têm surgido em várias partes do Brasil. Conheça algumas delas, coloque sua cropped ou body cavadão e junte-se a eles:

Instagram: @roledepeso. Foto: Izabella Carvalho

. Rolê de Peso
Depois de passar por algumas situações de gordofobia no final de 2018, o redator Marcelo Gomes criou o Rolê de Peso, que vai acontecer dia 23 de fevereiro no Pré-Carnaval de Belo Horizonte. A ideia é acolher todo mundo e mostrar que padrões não existem.

PluSamba. Foto: Divulgação

. Projeto PluSamba
O Plusamba quer incluir mulheres gordas nas escolas de samba através da dança, oficinas e debates fortalecendo assim sua autoestima. O projeto que começou como ala virou bloco que desfila dia 9 de março, às 14h, na altura do número 7.000 da Avenida Engenheiro Caetano Álvares, na Zona Norte de São Paulo.

Baile das Gordas. Reprodução: Instagram

. Baile das Gordas
Referência em militância gorda, Salvador traz a segunda edição do bloco que percorre o Circuito Barra-Ondina! O objetivo é evidenciar a diversidade de corpos e mostrar a importância da representatividade em todos os segmentos e espaços coletivos. A saída acontece dia 23 de fevereiro, sábado, e o ponto de encontro é nas Gordinhas de Ondina.

Foto: @delphinadesigns

. Pop Plus Carnaval
Edição especial da feira plus size que acontece em São Paulo vai reunir 27 marcas de moda Carnaval, moda praia e de acessórios para pessoas que vestem do 44 ao 66. O evento vai contar também com DJs, apresentações de dança, além de oficinas de samba no pé, customizações e de maquiagem.

@joycaroll. Foto: @pretocolore

. Carnaval Plus Size
A fanpage divulga não só passistas como também musicistas, grupos, alas e eventos que envolvem o mundo do samba e do Carnaval.

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Influencers de moda inclusiva inspiram mulheres com deficiência http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/01/29/influencers-de-moda-inclusiva-inspiram-mulheres-com-deficiencia/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/01/29/influencers-de-moda-inclusiva-inspiram-mulheres-com-deficiencia/#respond Tue, 29 Jan 2019 07:00:56 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=713 Se o mercado da moda finalmente parece que está acordando para o público plus size, a moda inclusiva ainda engatinha no Brasil. O plus size, ainda que de forma lenta, já tem ganhado espaço no mundo fashion com grandes eventos, lojas de departamento e presença em shoppings.

Mas você já viu alguma marca que produz moda para pessoas com deficiência em algum desses espaços? O que é um absurdo em um país no qual 24% da população possui algum tipo de deficiência, – visual, auditiva, motora, mental ou intelectual -, segundo o último censo do IBGE.

Moda inclusiva é o termo para a moda dedicada a pessoas com algum tipo de deficiência. Seu principal objetivo é dar autonomia e simplificar o ato de vestir levando em conta as especificidades de cada indivíduo buscando não só o conforto e a praticidade, mas também o estilo e o design.

Assim como as mulheres gordas começaram a lutar aqui no Brasil para que as marcas de tamanhos grandes fossem além da legging preta e do camisetão, as pessoas com deficiência também querem acompanhar as tendências da moda. Ou seja, nada daquelas roupas de velcro práticas porém feias e antiquadas.

O mercado plus size no Brasil começou a ser empurrado para a frente há cerca de 10 anos com a luta de blogueiras e de ativistas. E na moda inclusiva não é diferente.

No Instagram, fashionistas com deficiências cobram as marcas, dão dicas de como compor looks, de onde encontrar marcas e trocam experiências sobre acessibilidade em lojas físicas e virtuais. Enfrentando dificuldades para encontrar roupas adaptadas e que ao mesmo tempo transmitam sua personalidade, elas inspiram e empoderam outras mulheres com as mesmas necessidades que as suas.

Leia mais: Mulheres não são “plus size” e, sim, gordas, mais glossário da moda GG

Conheça algumas delas:

@thesineadburke. #PraCegoVer Sinead tem a estatura baixa e está em frente a uma parede branca. Ela veste uma saia preta longa e camiseta branca com palavras em inglês. Ela segura uma carteira de mão. Ela tem cabelos médios e olha para a frente, sorridente.

@thesineadburke – A irlandesa Sinéad Burke é escritora, doutoranda, radialista e editora da British Vogue. Com seu 1,05 de altura, Sinéad se tornou uma das mais importantes porta-vozes da inclusão e está revolucionando o mundo do design e da moda com seu discurso contundente. “A estética é importante. Se você olhar para os produtos direcionados ao público com deficiência, vai ver que são horríveis”, costuma dizer a ativista. Não deixe de ver seu TED Talk: “Por que o design deveria incluir todos”.

@mamacaxx. #PraCegoVer Mama Cáx usa um terninho risca de giz azul escuro com tênis branco. Ela é negra e careca, usa óculos de grau e brincos grandes rosados. Ela tem uma prótese na perna direita do joelho para baixo. Ela está sentada em um pequeno poste em uma calçada na rua e está de lado em frente a algumas palmeiras.

@mamacaxx – Aos 14 anos, a novaiorquina Mama Cáx foi diagnosticada com câncer nos ossos e nos pulmões. Com os medicamentos conseguiu se curar mas o tratamento deixou sequelas: teve uma das pernas amputadas. Hoje caminha com ajuda de uma prótese e muletas mas isso não a impediu de se tornar uma blogueira de moda e lifestyle que já viajou meio mundo. Em Instagram com mais de 160 mil seguidores conta as experiências de ser uma mulher negra com deficiência em looks mais do que estilosos. E acaba de ser eleita pela plataforma Create & Cultivate uma das 100 mulheres que “estão constantemente reinventando o que significa influenciar os outros.” Poderosa!

@being__her

@being__her – As irmãs gêmeas eritreia-etíopes Hermon e Heroda Berhane tinham 7 anos quando misteriosamente ficaram surdas ao mesmo tempo. Agora aos 35 anos, comandam um blog e Instagram incríveis onde compartilham suas referências de moda e dicas de viagens. Tudo muito alegre e estampado, nem sempre se vestem de forma totalmente igual, como várias pessoas gêmeas. Dá pra perder horas na beleza delas! No caso de pessoas surdas as roupas não precisam de adaptações mas a comunicação nas lojas físicas deve ter um cuidado. Lembrando que a Libras é a segunda língua do Brasil.

@modaemrodas. #PraCegoVer Heloísa é cadeirante, de estatura pequena, e está em um jardim com sua cadeira motorizada. Ela veste sapatilhas de tom cor de sua pele, branca. Vestido azul marinho com bolinhas brancas e um casaquete amarelo. Ela tem os cabelos longos, usa brincos e está com um meio sorriso.

@modaemrodas – A jornalista Heloísa Rocha nasceu com osteogênese imperfeita, os chamados “ossos de vidro”. Apaixonada por moda, ela criou o instablog para trocar informação de moda com outras mulheres com deficiência. Hoje em dia é palestrante e tem leitores do mundo inteiro que adoram seus looks do dia coloridos e chiquérrimos.

@micsimoes. #PraCegoVer Michele é cadeirante, de estatura grande, e está na frente de uma parede de tijolinhos. Sorridente, ela segura uma máquina fotográfica com a mão direita. Ela está vestida com uma calça azul marinho com as pontas dobradas, sandália dourada com meias pretas, blusa vermelha floral estampada e uma jaqueta de couro estilo rocker. Ela é morena e em o cabelo preso em coque alto e uma franja.

@micsimoes – A estilista e consultora de imagem Michele Simões se tornou cadeirante depois de adulta, após sofrer um acidente. E aí sentiu na pele o que foi deixar de ter um corpo padrão para se tornar a exceção. Para lutar por uma moda mais democrática criou o projeto @meucorpoereal, por onde promove workshops, palestras e editoriais de moda incluindo corpos diversos.

@adrianabuzelin. #PraCegoVer Adriana está vestida de noiva com um vestido todo bordado com bolinhas verdes claras e brancas. Ela está sentada na cadeira de rodas e segura um buquê de flores. A cadeira também está enfeitada nas cores do vestido. Um homem, provavelmente seu pai, empurra sua cadeira de rodas, em direção ao altar.

@adrianabuzelin – Publicitária, artista plástica e mergulhadora, por causa de seu amor pela moda, Adriana Buzelin também acabou virando modelo. Entrou para o ativismo depois que ficou tetraplégica após um acidente automotivo. Em 2018 foi vice-candidata a governadora pelo PV por seu estado, Minas Gerais. Como se já não fossem muitas suas atividades, para 2019 prepara o lançamento da revista digital @tendencia.inclusiva. Olha só a elegância de seu vestido de noiva!

@gataderodas. Foto: Lu Firmino. #PraCegoVer Ivone Oliveira é cadeirante. Ela é loira, de estatura pequena, veste roupas pretas com um shorts xadrez curto e uma bota longa de salto bem alto e plataforma, com as pernas à mostra. Ela está de óculos de grau e olha para a frente.

@gataderodas – Os focos de Ivone Oliveira, a Gata de Rodas, são a acessibilidade e os direitos das pessoas LGBT+ com deficiência. Mas não é por isso que a gente vai deixar de babar pelos looks dela, cheios de botas poderosérrimas! Tá, meu bem?

@isa.meirelles. Foto: Foto: @_arjones. Criação: @katia_monique84. Styling: @institutocriar. #PraCegoVer Isa Meirelles é cega do olho esquerdo. Ela veste vestido branco assimétrico com pássaros vermelhos orientais, os chamados tsuru. Ela está de cabeça inclinada, tem os cabelos com corte chanel molhados jogados para trás. Sua maquiagem lembra a de uma gueixa japonesa.

@isa.meirellesIsa Meirelles é uma comunicóloga que atua como consultora e militante da comunicação acessível para todos. A moda é apenas uma de suas formas de expressão na luta pelo fim da invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade.

Assim como é errado tratar a mulher gorda como um tipo só de pessoa e como se o “plus size” fosse um estilo único, para a moda inclusiva se tornar o que pretende na prática ela deve contemplar as necessidades de cada grupo com suas particularidades.

As pessoas com deficiências estão bem longe de ser um grupo homogêneo. Embora o momento ainda seja de afirmação, busca de referências e inspirações em uma sociedade que despreza pessoas fora dos padrões, que em um futuro próximo todas as pessoas tenham autonomia e opções de escolha nas suas experiências com a moda.

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Homens também precisam comprar a briga pela moda plus size http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/01/21/homens-tambem-precisam-comprar-a-briga-pela-moda-plus-size/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2019/01/21/homens-tambem-precisam-comprar-a-briga-pela-moda-plus-size/#respond Mon, 21 Jan 2019 07:00:00 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=688 Enquanto a moda plus size para mulheres evoluiu muito na última década, as roupas para homens gordos ainda não saíram muito do “estilo tiozão”. Por causa do machismo enraizado, o homem – especialmente o hétero – não trata o assunto moda como se também fosse dele. Geralmente a compra de roupas fica por conta das mães e avós, quando eles são jovens, e das namoradas e esposas, quando ficam adultos. Então, não é um hábito masculino exigir do mercado e pressionar por mudanças como as mulheres fizeram ao longo desses dez últimos anos.

Leia mais: Plus size não é um estilo, é tamanho de roupa

Mas isso não quer dizer que não se incomodem com a falta de opções na hora de se vestir. O jornalista, apresentador e DJ Thiago Borbolla, conhecido como Borbs, sempre se vestiu com camisetas pretas e bermudas. “Durante boa parte da minha vida eu me vesti de acordo com o que as pessoas diziam ser bom. Com o tempo eu passei a não me sentir bem comigo, mais ou menos numa mesma época em que eu comecei a me forçar a ter uma vida social mais ativa. Veio a tatuagem, que eu percebi que me deu uma outra maneira de enxergar meu corpo, como se eu fizesse parte dele de fato”, conta o jornalista. “E então veio a diminuição das meias, variação de cores e tênis, deixei de ser ‘o gordo que usa bermudão e camiseta’. Queria usar camisas, mas nunca encontrava nada que não me sentisse como qualquer alguém que alguma loja resolveu revestir de algum pano”.

Borbs não se esquece da sensação boa que teve ao colocar pela primeira vez roupas que representavam sua personalidade. Descobriu marcas de camisas coloridas, alegres, que que tinham relação direta com seu lifestyle. “Comecei com uma de abacaxis, que eu usei primeiro no Carnaval. E depois foi virando a minha ‘nova’ marca. Passei a ter, de fato, um estilo. As pessoas ainda elogiam minhas camisas mas agora não é SÓ isso. Eu me olho no espelho e me sinto alguém. Eu não estou só usando uma camiseta legal e ponto. Sou uma pessoa inteira. Uma pessoa que não vai ser olhada na rua por ser gorda. Só uma pessoa. E isso é muito legal”, continua.

@borbs. Foto: Robson Leandro da Silva

A relação do estilista e empreendedor Diego Soares com a moda começou através da música. Ele era professor de dança e queria se vestir como os rappers norte-americanos. A dificuldade de encontrar peças estilosas no seu tamanho fez com que ao lado da esposa Camila ele criasse sua própria marca, a Rainha Nagô, que atende homens e mulheres.

Diego já se sentiu discriminado de várias formas. Teve sua orientação sexual questionada e o fato de ser negro e gordo também já o colocaram em situações de preconceito. “Somos uma fatia grande do mercado. Se encontrássemos preços justos e peças de bom gosto, com certeza nosso consumo seria maior”, diz Diego sobre a importância do homem se posicionar enquanto consumidor de moda.

@diego_stylist. Foto: Arquivo Pessoal

A ficha do DJ, ativista LGBT+ e educador Jô Moreno sobre a importância da moda como aliada caiu à medida em que ela foi ajudando a redescobrir sua autoestima. “Uma vez que descubro o amor próprio, uso dele pra me mostrar ao mundo a partir da moda. Creio que isso seja um processo contínuo, pois sempre busco algo novo em mim para me reinventar”, conta o DJ, que vive em Londrina. “Consumindo moda, estamos nos transformando a partir do tempo e do espaço, como todo processo cultural. Um homem que se posiciona como consumidor de moda pode espontaneamente comunicar ao mundo novos comportamentos, mais adequados e inclusivos na nossa sociedade”, finaliza.

@jomorenodj. Foto: Arquivo Pessoal

Bruno Barreto, que é RP de uma multinacional alemã, demorou para construir sua identidade fashion pois não encontrava referências. “Moda é você ter a capacidade de sentir bem em sua própria pele. E na adolescência, que foi o momento de construção de minha personalidade, sofri muito para achar uma calça de jeans que não fosse igual a dos pais dos meus amigos. Tive que me privar de usar camisetas de marcas porque elas simplesmente não existiam no meu tamanho”, diz. O que ele aprendeu com isso foi achar um caminho para se diferenciar no meio de sua turma, por isso sempre foi adepto de acessórios que davam personalidade aos seus looks, como gravatas e óculos diferentões.

Já adulto, trabalhando em ambiente corporativo, um de seus maiores medos sempre foi que sua roupa rasgasse ou que sujasse antes de uma reunião importante. “Já vi isso acontecer com amigos magros e a resolução foi simples: correu até o shopping e comprou uma roupa nova. Eu não poderia sonhar com isso, mas hoje, eu já posso até passar por essa situação e sei como me virar!”, conta Bruno.

Ele acredita que o homem gordo precisa se posicionar e colocar para fora os seus gostos por uma questão de autoestima. “Ao se posicionar e começar a consumir moda, o gordo deixa uma marca de empoderamento: eu quero, eu posso, eu sei o que fica bom em mim e me cabe! Ainda temos um longo caminho em relação a caimento, tipo de tecidos, grade etc. Mas estamos evoluindo aos poucos!”, fala Bruno, que chegou a manter o Instagram @estilochubby com dicas de moda masculina. “Ao me colocar como consumidor, eu viro as regras do jogo e passo reivindicar uma democratização da moda masculina plus size! Meu sonho é ver mais lojas aumentando suas grades e colocando o gordo em igualdade na moda!”.

@estilochubby. Foto: Arquivo Pessoal

Assim como as mulheres brigaram muito na internet com as marcas e grandes redes para que as coisas evoluíssem, os homens também precisam se posicionar e fazer o mesmo se querem ver uma mudança real nos paradigmas do mercado em termos de quantidade, qualidade e preço. Moda não é só “coisa de mulher” ou “coisa para homens gays”. Experimente sair de casa sem roupa ou sem o código adequado em determinados eventos sociais para ver o que acontece em nossa sociedade. Moda é identidade, pertencimento e dignidade. E desses itens todos os seres humanos precisam!

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PS: Triste ver que o post que fiz em dezembro de 2017  poderia ser repetido agora pois nenhuma das modelos plus size citadas foi capa em 2018. As revistas femininas e de moda que ainda sobraram precisam captar o espírito do tempo para continuar a sobreviver.

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“Engordou, hein?” Como responder a comentários malas na ceia de Natal http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/12/20/engordou-hein-como-responder-a-comentarios-malas-na-ceia-de-natal/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/12/20/engordou-hein-como-responder-a-comentarios-malas-na-ceia-de-natal/#respond Thu, 20 Dec 2018 07:00:10 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=664 “Nossa, mas você vai comer mais?”
“Você não acha que está muito gorda pra usar isso?”
“Se você emagrecer vai encontrar logo um marido”

Época de festas de final de ano é a pior em termos de comentários inconvenientes de familiares e de parentes distantes sobre peso e tamanho, como se nossos corpos fossem de domínio público. Um constrangimento anual desnecessário, que nem todo mundo está disposto a passar pela milésima vez.

Como nem todo mundo é bateu-levou e a resposta muitas vezes só vem horas depois — há até um termo em francês para isso: “L’esprit d’escalier” ou “a resposta da escada”, quando o revide perfeito só vem quando você está lá na esquina –, perguntei a uma série de pessoas como elas lidam com a fatídica apurrinhação natalina sobre peso.

Leia também: Gordofobia: 10 frases preconceituosas que as pessoas falam sem perceber

 

Maíra Medeiros, youtuber. Foto: Arquivo Pessoal

“Vira e mexe eu sou pega de jeito com perguntas, piadinhas e comentários inconvenientes sobre meu corpo nas festas de final de ano. Isso acontecia até quando eu era magra e super novinha! Durante muito tempo ficava paralisada ou até mesmo ia pra um cantinho chorar, mas atualmente eu não deito mais pra ninguém que queira diminuir minha imagem! Quando começam os comentários, eu deixo a pessoa desenrolar o pensamento preconceituoso dela e me mostro interessada. Aí respondo: ‘depois que vi como ficar pensando em dieta e em como mudar meu corpo tomava meu tempo, passei a focar em outros aspectos da minha vida, como minha carreira por exemplo. E apesar de você não ter perguntado, porque pra você minha aparência é mais importante que meus feitos, estou indo muito bem no trabalho, obrigada’”, conta Maíra Medeiros, youtuber.

Vanessa Joda, professora de yoga. Foto: Robson Leandro da Silva

“Sou tolerância zero, tanto que vou passar o meu aniversário e o Natal sozinha, sem ter que escutar a pergunta de quando eu vou fazer a bariátrica e de todos falando que estão fazendo ‘gordices’ e comendo ‘feitos porcos’. Quero estar bem longe de gente assim!’”, fala Vanessa Joda, professora de yoga.

Fabrício Nobre, músico e produtor de eventos. Foto: Rodrigo Gianesi

“A pior coisa é quando tratam a pessoa gorda como se tivesse um desvio de caráter, ou problema de saúde, ou acham que você é gordo porque não tem tempo para se dedicar à saúde. ‘Nessa loucura de trabalhar à noite, com shows, nem sobra tempo para se dedicar a esporte ou organizar a alimentação né?,’ me dizem. ‘Se vc tivesse uma profissão normal, poderia ser mais magro, né? Mais saudável, iria ficar ainda mais bonito. Você deve estar com 120kg, né? E suas filhas, que exemplo vai dar?’. Minha vida é uma resposta a isso. Adoro o que faço, amo trabalhar com shows e eventos. Sou perdidamente apaixonado por uma mulher gorda linda. Incentivo minhas filhas a viver bem, estudar, brincar, ouvir música, nadar, jogar, comer bem e é isso. Não tem nada de errado em você ser gordo. Não é feio, não é sinal de preguiça nem ‘um estilo de vida desregrado’. Se as pessoas me abordam falando m* e eu não tenho liberdade com elas, vou de leve no posicionamento. Se eu tenho liberdade, ferrou, despejo tudo na cara e aí, amigo, não tem ceia que resista”, fala Fabrício Nobre, músico e produtor de eventos.

Joyce Carolina, dançarina e modelo. Foto: Arquivo Pessoal

“Todo ano é a mesma coisa, né? Vivi anos da minha vida sem responder, mas hoje já consigo. E a resposta é simples e clara: ‘em vez de ficar se preocupando com meu peso, preocupe-se com meus boletos. Tem uma pastinha ótima disponível para pagamentos’. Se cada um cuidasse da própria vida o mundo seria bem melhor”, diz  Joyce Carolina, dançarina e modelo.

Fabiana Souza, psicóloga e modelo. Foto: Carol Fernandes

“Adoto uma postura otimista que costuma desfazer qualquer intenção maldosa de quem tece comentários sobre o meu peso: finjo que a pergunta foi sobre o meu ano e só ressalto os pontos positivos! Falo sobre as viagens que fiz, as pessoas que conheci, as conquistas pessoais e profissionais, ressaltando a gratidão por mais um ano vivido. Das duas uma: ou a pessoa esquece o comentário que fez e entra no meu assunto ou fica sem graça e não retoma a pergunta desnecessária, entendendo o recado!”, afirma Fabiana Souza, psicóloga e modelo.

Podem até pensar “ah, o mundo está ficando chato” mas chato mesmo é aturar tia-avó, prima de terceiro grau, cunhado tomando conta da sua vida sem nem fazer parte dela o ano inteiro. Os tempos estão mudando e nada melhor do que todo mundo reunido na mesa da ceia pra você mandar aquele recadinho esperto. Seja de forma bem-humorada, pedagógica ou “tolerância zero”, o importante é não levar desaforo pra casa embrulhadinho no tapaué! 😉

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Plus size não é um estilo, é um tamanho de roupa http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/12/06/plus-size-nao-e-um-estilo-e-um-tamanho-de-roupa/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/12/06/plus-size-nao-e-um-estilo-e-um-tamanho-de-roupa/#respond Thu, 06 Dec 2018 06:00:35 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=640 “Qual é o estilo das plus size?” Essa é uma pergunta que ouço frequentemente nos eventos de moda dos quais participo.

Pra começar… “Plus size” não é um estilo único e não é um rótulo para pessoas, é somente um termo mercadológico para definir o tamanho das roupas. Existem mulheres curvilíneas e gordas que se vestem com o estilo clássico, outras, que são modernas, esportivas, românticas, vintage, sexy, hippie chic, minimalistas, alternativas; enfim, somos plurais! Parece óbvio, mas muitos ainda não entenderam isso, acham que é tudo uma coisa só e que todas querem esconder suas formas em roupas escuras, largas e sem modelagem.

A jornalista @marianacyrne transita entre o clássico e o sexy

Claro que nem todas querem usar top cropped, fio dental e calça justa e também merecem respeito por isso. É que no mercado da moda, a mulher gorda foi da legging preta para o over e caricato sem escalas, com brilhos, oncinha e rendas tudo ao mesmo tempo, mas finalmente começa a aparecer uma diversidade de estilos dentro do mercado plus size nacional. E por mais que uma mulher se identifique com alguns estilos, ela não é a mesma coisa o tempo todo.

Glamour é o sobrenome da blogueira Mel Soares (@relaxaaifofa)

Eu, por exemplo, sempre tive um estilo mais alternativo, mas conforme foram surgindo mais opções para o meu tamanho, tenho adorado brincar com peças mais minimalistas. Hoje tenho transitado entre 4 estilos: rocker, minimalista, latino e o “extravagante” (para quando vou discotecar na noite de São Paulo). Mas amanhã podem ser outros. É muito bom quando a gente pode ter opções de escolha!

Euzinha em um momento minimalista (@flaviadurante)

E quando a gente tem referências para se inspirar tudo fica mais fácil. As blogueiras e influenciadoras de moda plus ajudaram demais nesse sentido já que a imprensa de moda não nos enxerga até hoje. Só eventualmente em “especiais” de moda plus em que precisam encaixar uma modelo gorda para cumprir a cota de diversidade. Ainda não nos enxergam como um corpo que é preciso estar em todas as pautas todos os meses, e sim como algo “especial” ou exótico.

A produtora de moda Lauren Souza (@gordahype) é a rainha do urban style

Enquanto alguns já podem se dar o privilégio de falar em desapego e upcycling, a luta é para que mulheres que vestem acima do 50 possam se VESTIR. Muitas ainda estão comprando sua primeira calça jeans pois até então era super difícil achar peças bonitas e bem cortadas acima do manequim 48. São Paulo e Rio de Janeiro hoje já estão com um número razoável de lojas ou eventos especializados ou departamento plus size em lojas de rede. Mas fora desse eixo as mulheres ainda encontram uma grande dificuldade em encontrar o básico, e diversidade de estilos mais ainda.

Profissionais de moda, entendam de uma vez por todas que não existe “estilo plus size” assim como não existe “estilo P, M ou G”! Mulheres gordas não são uma só, não têm o mesmo gosto, estilo, classe social, opinião e personalidade. 

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Ser “sustentável” e ter só até o tamanho 38 não é fazer moda consciente http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/12/04/ser-sustentavel-e-ter-so-ate-o-tamanho-38-nao-e-fazer-moda-consciente/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/12/04/ser-sustentavel-e-ter-so-ate-o-tamanho-38-nao-e-fazer-moda-consciente/#respond Tue, 04 Dec 2018 07:00:34 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=650 Por conta de meu trabalho com a Pop Plus, feira de moda plus size que produzo há seis anos em São Paulo, costumo visitar e frequentar todos os tipos de feiras de moda para fazer pesquisas.

E me sinto incomodada quando vejo marcas que se dizem conscientes mas que só chegam até o manequim 38, 40. Fico me perguntando: que tipo de consciência é essa que exclui pessoas de corpos maiores?

Ser “sustentável” e ter só até o tamanho 38 não é alternativa, e sim, uma nova forma de limitação

Há menos de 10 anos o gordo começou a ser incluído com um pouco mais de dignidade no universo da moda aqui no Brasil. Até então eu, por exemplo, tinha três opções de consumo: o departamento de gestantes — sendo que nunca tive filhos –, a seção masculina — sendo que não sou homem –, e as lojas de senhoras. Não há boa autoestima que resista a décadas sendo maltratada e ignorada, quando o que você queria era somente se vestir e estar inserida nas tendências da moda.

Apenas 17% do varejo de moda no Brasil atende o público plus size. Foto: Robson Leandro da Silva

A luta por uma moda mais democrática é árdua, pois para a sociedade o corpo gordo é doente, preguiçoso e incapaz. E para o mundo da moda, magreza é sinônimo de elegância e pessoas gordas, de desleixo e cafonice.

Apesar do “boom” do mercado, na verdade, poucos da indústria já enxergaram esse público. No Brasil, somente 17% do varejo de moda atende o segmento, sendo que 56% dos brasileiros vestem plus size.

Hoje, enquanto muitas pessoas já podem se dar ao luxo de desapegar, milhões de outras ainda estão tentando se incluir no mundo da moda. Não são poucas as mensagens que recebo de mulheres que têm somente uma calça puída ou um vestido. Ou ainda, mulheres e homens que vestem acima do 54 que só conseguem se cobrir com uma canga ou lençol. Sim, isso é mais comum do que vocês imaginam! E sem roupa não conseguem emprego, estudo e convivência em sociedade.

Leia mais: Sem gordos na produção, o mercado de moda nunca vai mudar

Moda plus size não é nicho, é demanda reprimida. Foto: Robson Leandro da Silva

A demanda pela moda plus size é tão reprimida aqui no Brasil, que o pequeno bazar que criei em 2012 virou o Pop Plus, hoje o maior evento de moda plus size do mundo, uma grande feira que atrai uma média de público de 12 mil pessoas e que na próxima edição, dias 8 e 9 de dezembro, vai ter mais de 90 marcas.

A cada feira ouço várias histórias de “primeiras vezes”. E me emociono até hoje, seis anos depois. A primeira vez que uma mulher gorda de 30, 40, 50 anos se permitiu comprar um biquíni, uma blusinha de alça ou uma vestido curto. São inúmeras histórias de redescoberta do amor próprio.

Por outro lado, há uma fatia desse público que já se ocupou da moda como um assunto SEU e que está cada vez mais exigente e consciente. Estamos finalmente começando a nos ver  em campanhas, na mídia, nas séries e no Instagram, depois de décadas de invisibilidade. Estamos também no início de um processo de ir além da questão e nos preocupar com a procedência dos produtos. E aí esbarram em mais uma exclusão, pois as ditas “marcas conscientes” não vão muito além do manequim 38. Alguns brechós moderninhos chegam a comprar peças de pessoas gordas para vender como oversized para pessoas magras mas não querem corpos maiores como seu público.

Sustentabilidade é também estar preocupado com as próximas gerações para que futuras meninas não sofram o que nós, mulheres, já sofremos até agora em termos de pressão estética e padronização dos corpos.

O desenvolvimento sustentável inclui todos para que todos cresçam juntos visando o bem estar da sociedade.

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Ícone body positive, modelo Tess Holliday é capa da Cosmopolitan inglesa http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/08/31/icone-body-positive-modelo-tess-holliday-e-capa-da-cosmopolitan-inglesa/ http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/2018/08/31/icone-body-positive-modelo-tess-holliday-e-capa-da-cosmopolitan-inglesa/#respond Fri, 31 Aug 2018 07:00:43 +0000 http://flaviadurante.blogosfera.uol.com.br/?p=628 Uma das modelos plus size mais influentes do mundo, a norte-americana Tess Holliday é capa da revista Cosmopolitan inglesa de outubro. Com a chamada “A supermodelo ruge – Tess Holliday quer que seus haters beijem seu b*”.

Ativista body positivity, mãe de dois filhos e autora do best seller “A arte não tão sutil de ser uma garota gorda” (não lançado no Brasil), Tess se consolidou como modelo depois que criou no Instagram a campanha #effyourbeautystandards, algo como “f* seus padrões de beleza”. A hashtag já foi utilizada mais de 3 milhões de vezes.

Com tatuagens por todo o corpo, braços, pernas e seios fartos, Tess é uma das poucas modelos que fogem do padrão idealizado até no plus size. Tess Holliday veste o tamanho 22 nos Estados Unidos, algo equivalente ao manequim 50 no Brasil. Já posou para campanhas de grandes marcas como a H&M, Eloquii, foi capa da People, fez ensaio para a Vogue USA e é contratada por uma agência de ponta, a MiLK Model Management.

“Se eu visse um corpo como o meu nesta revista quando eu era uma menina, isso teria mudado minha vida e espero que isso faça isso para alguns de vocês”, disse a modelo em seu instagram @tessholliday, que tem mais de 1,6 milhão de seguidores

Tess na Cosmo UK

Tess é muito admirada por ser um ícone do movimento body positive, mas ao mesmo tempo atrai muitas críticas e ódio pois é uma gorda afrontosa que a sociedade não aceita. Não tem pudor em postar fotos nuas e de lingerie, mesmo quando estava grávida.

“Criei a campanha #effyourbeautystandards por frustração”, disse à Cosmopolitan UK. “Estava com raiva e triste porque as pessoas ficavam comentando sobre minhas fotos dizendo: ‘Você é gorda demais para usar isso!’ ou ‘cubra-se! Ninguém quer ver isso!’ E então uma noite eu estava deitada na cama e pensei: ‘Dane-se!’ Então postei uma imagem com quatro fotografias de mim mesmo usando coisas que mulheres gordas costumam dizer que “não posso usar” e encorajamos outras pessoas a fazerem o mesmo. ”

Leia mais: Por que aplaudimos uma atriz magra que expõe a barriguinha de cerveja?

Em junho a modelo foi campanha da revista de saúde Self com a provocativa chamada “A saúde de Tess Holliday não é da conta de ninguém”. “No começo costumava responder os haters dizendo: ‘Eu sou saudável, minha taxa de colesterol está boa, não tenho pressão alta e não tenho diabetes’. Mas a realidade é que eu não devo dar satisfação alguma e não preciso provar se sou saudável ou não”, disse a modelo para a revista, na ocasião. Não deveria ser assim para todos?

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