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Flávia Durante

Atleta fora do padrão posa nua para capa da Body Issue de revista esportiva

Flávia Durante

14/07/2018 13h34

Mostrando mais uma vez que não há um só tipo de corpo para se praticar esportes, a atleta norte-americana de softball Lauren Chamberlain é um dos destaques da edição de décimo aniversário da tradicional Body Issue da revista ESPN.

Lauren Chamberlain na capa da Body Issue da ESPN (Foto: Hana Asano)

Desconhecida fora dos EUA, Lauren Chamberlain tem 24 anos e não é gorda mas não tem o corpo magro e chapado que imaginamos de uma esportista e que vemos o tempo todo nas musas fitness do Instagram.

A atleta de softball, que é uma variação do baseball, disse em seu Instagram @lochamberlain que sempre sonhou em sair nessa edição da revista: "Disse sim para esta edição não para mim necessariamente. Disse sim para as garotas de todo o mundo poderem ver alguém que se parece com elas. Alguém é que maior e diferente do atleta típico – e que poderia dar a elas o impulso de amar os seus corpos".

"Disse sim para as garotas de todo o mundo poderem ver alguém que se parece com elas"

Crescendo em Orange County, na Califórnia, Lauren conta que as compras de jeans eram sempre o pior dia de seu ano pois ela tentava se espremer em um tamanho no qual nunca se encaixava. Foi quando começou a ficar boa nos esportes que sua imagem corporal mudou. "Eu amava o que meu corpo estava fazendo por mim no campo, e isso começou a se traduzir nos resultados no esporte. Quando entrei no atletismo da faculdade, meu corpo e poder eram celebrados e apreciados, isso foi ótimo para a percepção sobre meu corpo", contou. "Como sociedade, precisamos nos concentrar em fazer as meninas mais jovens praticarem esportes para que possam ver seus corpos trabalhando de maneira positiva", disse Lauren para a revista.

Lauren Chamberlain (Foto: Hana Asano)

"Quando entrei no atletismo da faculdade, meu corpo e poder eram celebrados e apreciados, isso foi ótimo para a percepção sobre meu corpo"

Só engordei depois de adulta, mas lembro que na escola os esportes eram oferecidos de forma sempre chata e pouco atrativa, naquele padrão de joguinhos de "meninos contra meninas" e eu fugia das aulas de Educação Física como o diabo fugia da cruz. Só gostava de natação, que praticava fora do colégio. Depois de adulta comecei a curtir mais atividades físicas e hoje em dia vou revezando entre musculação, pilates, yoga e dança, conforme meu tempo e disponibilidade financeira permitem.

Por muitas vezes, o que mantém as pessoas gordas fora do esporte é a hostilidade, não a preguiça. Os ambientes esportivos e as academias precisam se tornar mais acolhedores para todos os tipos de pessoas, oferecer equipamentos e roupas adequadas e professores dispostos a tratar pessoas como seres humanos não como um IMC ambulante. Há um tipo de esporte, dança ou ginástica para cada indivíduo e a cultura fitness e o esporte não são exclusividade de pessoas magras.

Para criar adultos saudáveis não basta tratar crianças e jovens gordos como parte de uma epidemia e constrangê-las por isso, e sim oferecer condições para que todas as pessoas, sem diferenciação, pratiquem atividades físicas e mantenham uma alimentação balanceada.

Lauren Chamberlain (Foto: Hana Asano)

Sobre a autora

Flávia Durante tem 41 anos e é comunicadora, DJ e empresária nascida em São Paulo e criada em Santos. Desde 2012 produz a Pop Plus, feira de moda e cultura plus size, com média de público de 10 mil pessoas por evento. Ao longo destes 6 anos tem desmistificado conceitos e conselhos que mulheres (e homens também) vem ouvindo há décadas sobre os padrões da moda.

Sobre o blog

Um espaço para falar de mercado e moda plus size, beleza, acessibilidade, bem estar e autoestima.

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