Karl Lagerfeld lança coleção plus size: mudança ou oportunismo?
Não dá para negar a importância de Karl Lagerfeld no mundo da moda. O estilista alemão atua há décadas no comando das grifes Chanel, Fendi e de sua própria grife, marcando época e criando imagens fundamentais. É mestre em promover suas marcas com ações inteligentes e questionadoras. Mesmo com o passar do tempo e a instabilidade do universo fashion, o "kaiser" (Imperador, em alemão) se mantém de pé aos 84 anos, uma máquina de trabalho com criatividade inegável.
Porém, além das passarelas e dos ateliês de luxo, ele não acompanhou as mudanças do tempo. Recentemente se posicionou contra os movimentos anti-assédio como #MeToo e #TimesUp. "Se você não quer a calcinha puxada, não se torne uma modelo", disse de forma grotesca para a revista francesa Numéro esse ano.
E não foram poucas as vezes em que fez declarações desagradáveis sobre mulheres gordas. Em 2009 ele disse que mulheres curvilíneas não deveriam cruzar a passarela. Em 2012, sobre a cantora britânica Adele, ele disse: "Ela é um pouco gorda demais, mas tem um rosto lindo e uma voz divina", como se o peso de uma pessoa fosse da conta de alguém. Sobre o mercado plus size da moda comentou em 2013 que "ninguém quer ver mulheres com curvas. Essas mulheres que criticam as modelos são mães gordas com um pacote de batatinhas na frente da TV".
Por isso causou surpresa na blogosfera fatshionista a divulgação do lançamento de uma coleção plus size em parceria da Stitch Fix, serviço norte-americano de styling pessoal, com a Karl Lagerfeld Paris (marca acessível do designer alemão). A linha contará com jaquetas, vestidos, saias, blusas, camisetas, além de outras peças. Os preços variam de 39 a 148 dólares.
Lagerfeld comanda suas empresas com mãos de ferro e dificilmente assinaria seu nome em algo com o qual não concorda. Será que ele mudou de opinião sobre mulheres curvilíneas vestindo suas criações ou apenas cresceu os olhos para esse mercado crescente com um potencial de consumo de 20 bilhões de dólares somente nos Estados Unidos?
Ter um grande nome envolvido com a moda plus size é um passo importante para a consolidação desse mercado e a visibilidade da mulher gorda como fashionista. Pois o mundo da moda sempre viu magreza como sinal de elegância e gordura como desleixo, como o próprio estilista alemão já deixou bem claro em suas falas.
Cabe às consumidoras refletirem se é melhor investir seu dinheiro em marcas que pensam nelas com respeito ou em quem está embarcando na onda plus size depois de tanto fazer pouco caso de sua existência.
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