A palavra fitness em sua essência significa algo como "condição do corpo para funcionar com eficiência em todas as atividades do dia a dia e se manter saudável". Mas, devido às musas e aos musos fitness que bombam no Instagram, o termo ficou imediatamente ligado à maromba, dietas e emagrecimento.

O culto à prática fitness foca no físico e nos padrões que se esperam dele: corpos perfeitos e sarados. O prazer é derivado, na maior parte dos casos, de um objetivo final ligado a estética e corpo magro, com baixos índices de gordura. Logo, o corpo gordo é imediatamente excluído desse "clube", a não ser que o intuito seja o emagrecimento.

O bem-estar causado por atividades físicas não deveria ser exclusividade de nenhum tipo de corpo. Há um tipo adequado de esporte, dança ou ginástica para cada indivíduo, basta promover um ambiente inclusivo e receptivo para todos.

Eu, por exemplo, odeio correr e fazer spinning então não vou ficar sofrendo com o que não gosto. No entanto amo dançar, adoro pilates e natação e atualmente pratico yoga e musculação. E um dia ainda vou assumir minha paixão pelas artes marciais e praticar kung fu ou krav magá. Mas tudo no meu ritmo, de acordo com os meus limites e para meu autocuidado, não preciso provar para ninguém que sou uma gorda saudável e ativa.

Para provar que não há um padrão único para ser fitness selecionei 10 mulheres inspiradoras que arrasam em vários esportes e atividades físicas.

@roblympian – Sarah Robles é uma halterofilista norte-americana. Ganhou a medalha de bronze na Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro tornando-se a primeira atleta americana a ganhar uma medalha olímpica no levantamento de peso em 16 anos. Em 2017 alcançou o ouro no Mundial de Levantamento de peso na categoria +90kg.

@mynameisjessamyn – Ícone da yoga para gordos, a norte-americana Jessamin Stanley tem mais de 360 mil seguidores no Instagram. Já apareceu na revista People, percorre todos os EUA dando aulas e workshops e em 2017 lançou o livro "Everybody Yoga" ("Todo Mundo Yoga").

@louisegreen_bigfitgirl – A canadense Louise Green é triatleta e criadora do programa Big Fit Girl, no qual incentiva mulheres gordas a praticarem exercícios com o bem estar e autoestima como maior objetivo. Em 2017 lançou o livro "Big Fit Girl – Embrace The Body You Have" ("Big Fit Girl – Abrace o Corpo que Você Tem").

@themirnavator – A norte-americana Mirna Valério redefiniu a imagem que as pessoas têm de um ultramaratonista. Mas mesmo passando exemplos positivos não deixa de enfrentar racismo, machismo e gordofobia. Mas a bonita não está nem aí: "Quero continuar colocando meu enorme traseiro em lugares onde as pessoas dizem que eu não deveria estar", disse para a revista National Geographic. O seu blog Fat Girl Running virou referência, ela tornou-se uma celebridade, lançou livro e é capa das principais revistas de corrida do mundo.

@borntoreignathletics – A americana Krista Henderson é uma triatleta e palestrante premiada que trabalha para inspirar outras pessoas a "treinar como atletas". Começou sua carreira atlética em 2004, quando um treinador a incentivou a viver um estilo de vida saudável e ativo, opondo-se a pressioná-la a perder peso. E agora ela trabalha para mostrar aos outros que eles também podem "treinar como atletas" – não importa o seu tamanho.

@abingson – Amanda Bingson é especialista em lançamento de martelo e representou os Estados Unidos nas Olimpíadas de 2012 e 2016. "É importante mostrar que atletas existem em todas as formas e tamanhos", disse para a revista ESPN da qual foi capa em 2015.

@sarahsapora – Praticante de yoga e de treinamento funcional, a norte-americana Sarah Sapora, 38 anos, tornou-se uma inspiração para milhares de mulheres. "Meu objetivo é abrir a porta da indústria do bem-estar para mulheres gordas – pessoas que foram informadas de que a única maneira de experimentar o crescimento pessoal é fazer dieta", diz em seu site.

@richellerides – A australiana Richelle Olsen é uma multiatleta que adora aventuras. Segura aí o que ela já fez: pedalou cerca de 5.000km do Canadá para o México, caminhou até o acampamento base do Everest, fez uma corrida de 25km nos Pirineus espanhóis, mergulhou em oceanos e cavernas ao redor do mundo, correu em mais de 20 triatlos. Ela não para!

@saudegg – A carioca Nati Mota é professora de Educação Física e capoeirista. Ela criou o Instagram Saúde GG para inspirar mulheres gordas que se sentem oprimidas no ambiente das academias.

@vanjoda – A professora paulista Vanessa Joda é uma das poucas representantes da yoga inclusiva aqui no Brasil, onde algumas escolas de métodos famosos chegam a rejeitar alunos gordos. Fundadora do projeto Yoga Para Todos, tem escola particular em São Paulo e projetos sociais na periferia. Foge do perfil fitness-gratidão não só no corpo fora do padrão como também no jeitinho nada zen. Suas concorridas aulas são ao som de Black Sabbath e Pink Floyd.